quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Ensaio Doutrina Social da Igreja - Capítulo I (prévia)

Primeira Parte
Capítulo I

O designo de amor de Deus e a toda humanidade

I. O agir libertador de Deus
na história de Israel

a) A proximidade gratuita de Deus

1) O que os 10 mandamentos nos ensinam quanto a vida social?
Nos mostram o caminho para a libertação de nossos pecados, ensinando a verdadeira humanidade do homem, apresentam os deveres essenciais para a vida humana. [22]

2) Qual o compromisso que deriva do Decálogo?
O compromisso diz respeito não só ao que concerne à fidelidade a Deus, como também às relações sociais.[23]

5) O que vem a ser o princípio da criação e o agir gratuito de Deus?
É a percepção de sua criação, onde Deus livre e gratuitamente dá o ser e a vida a tudo o que existe.[26]

6) Quais as conseqüências da ruptura da comunhão com Deus?
Deus provoca a quebra da unidade interior da pessoa humana, da relação de comunhão entre homem e mulher e da relação harmoniosa entre os homens e as demais criaturas.[27]

II. Jesus Cristo
Cumprimento do designo de amor ao Pai

a) Em Jesus Cristo cumpre-se o evento decisivo da história de Deus com os homens

7) A quem Jesus anúncia a misericórdia libertadora de Deus?
Jesus anuncia para aqueles que encontra pelo caminho, a começar pelos pobres, pelos marginalizados, pelos pecadores, convidando-os a continuarem o seu projeto de vida.[29]

b) A revelação do Amor Trinitário

8) Qual é o mandamento do amor?
“Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”, foi o mandamento que Jesus definiu como sendo novo e de sua autoria. Ele apresenta as regras para se viver em Cristo a vida trinitária na Igreja, Corpo de Cristo e transformar com Ele a história.[32]

9) No que constitui o mandamento do amor?
Constitui a lei de vida do povo de Deus. Deverá inspirar, purificar e elevar todas as relações humanas na vida social e política.[33]

III. A pessoa humana no desígnio de amor a Deus

a) O Amor trinitário, origem e meta da pessoa humana

10) O que é Amor Trinitário?
É a revelação da vocação da pessoa humana no amor. Ilumina a dignidade e a liberdade pessoal do homem e da mulher, bem como a intrínseca sociabilidade humana em toda a profundidade.[34]


b) A salvação cristã: para todos os homens e do homem todo

12) O que vem a ser a salvação cristã?
É a salvação para todos os homens e do homem em um todo, ou seja é a salvação universal e integral. Diz respeito a pessoa humana em todas as suas dimensões: pessoal, social, espiritual, corpórea, histórica e transcendente.[38]

13) O que se pretende com a salvação?
Através dela o homem é chamado a participar da ressurreição de Cristo e da comunhão eterna de vida com o Pai. O processo de salvação nos apresenta os erros e enganos de que as necessidades do homem são a sustentação da fé, não uma graça provinda de Deus.[39]

14) O que é universalidade e integralidade da salvação?
É o vinculo entre o homem, chamado por Deus, com a sua responsabilidade para com o outro, sendo a estrutura fundamental da Aliança com Deus.[40]

c) O discípulo de Cristo qual nova criatura

15) O que vem a ser a nova criatura?

A vida do homem é cercada de ciladas que o leva ao pecado, seguir os passos de Jesus é aderir a fé ao ministério pascal de Jesus, abandonando assim as suas inclinações ao pecado, transformando-se em uma nova criatura livre de pecados.[41]

16) O que é necessário para renovar as relações entre os homens?
A transformação interior da pessoa humana é a base primordial para se renovar a relação que os homens mantém entre si. Mudanças sociais somente são obtidas através da conversão de suas capacidades espirituais e morais.[42]

17) O que nos diz o ensinamento conciliar quanto a amar o próximo?
Ele nos ensina que devemos respeitar e amar todos seres humanos, independente de sua crença religiosa, ideologia política e de sua atividade social. Pois dessa maneira haverá diálogo entre todos os povos. Se não há empenho e determinação constantes no agir em favor do bem de todos e de cada um, não há verdadeiro amor ao próximo como a si mesmo, pois todos somos responsáveis por todos.[43]

18) Como será possível ao homem criar relações sinceras com todos os seus semelhantes?
Somente com a graça de Deus, que é oferecida ao homem para ajudá-lo a superar as falhas, mentiras, violências e tudo que o afaste de seus irmãos.[43]

19) Como podem os homens amar o mundo e utilizar seus recursos sem destruí-los, em favor de si mesmo e dos outros?
Usufruindo de tudo em espírito de humildade (pobreza) e liberdade, reconhecendo e utilizando todas as coisas como obras de Deus e, como tais, respeitando-as. Somente purificando suas atividades e levando-as à perfeição pela cruz e ressurreição de Cristo, é que terá a posse do mundo, como quem nada tem e é dono de tudo. [44;46]

d) Transcendência da Salvação e Autonomia das Realidades Terestres

20) Quando os seres humanos serão verdadeiramente livres?
Quando foram vistos à luz do desígnio de Deus e participarem profundamente na vida filial de Cristo, em comunhão com o Pai, ai então poderão viver e manifestar a sua autêntica identidade, em todas as suas expressões. “Na verdade, a criatura sem o criador perde o sentido1”. [45,46]Madre Teresa: “Santo é um ser humano plenamente vivo e desenvolvido, que permite que Deus ame através dele”.

21) Quando os homens e as sociedades humanas tornam-se alienadas?
Ao se recusarem ou impedirem os homens de buscar o seu fim último, que é a comunhão com o seu próprio Criador, através de sua doação e relação com outras pessoas e com Deus, enquanto vive neste mundo sob diversas formas de organização social. [47]

22) Pode-se conceber o mundo sem a presença de Deus?
Não, pois “a figura deste mundo passa!’ (1 Cor 7, 31) e qualquer ideologia puramente intramundana sobre a pessoa humana, a sociedade e o progresso são contrárias à verdade integral do homem e ao desígnio de Deus na história. [48]

Editado em: 05/02/2008 por Valdir Peres

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Ensaio Doutrina Social da Igreja - Introdução

Compêndio da Doutrina Social da Igreja
Perguntas e Respostas

Introdução

Um Humanismo Integral e Solidário

a) No alvorecer do terceiro milênio

1) O que é Doutrina Social da Igreja?
Primeiramente devemos entender o significado das palavras doutrina e social em separado. Doutrina, segundo os mais conhecidos dicionários, corresponde ao conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso, político e filosófico, entre outros. Podendo ainda ser interpretado como catequese cristã e no seu significado mais simples, apenas ensinamento. Já a palavra Social, em simples palavras expressa o que é de interesse da sociedade.
Unindo e interpretando esses dois significados podemos compreender que, Doutrina Social da Igreja corresponde a um conjunto de princípios de interesse da sociedade, para a manutenção e bem estar dos homens, baseados na vontade de Deus.

2) Por quê a Igreja questiona os povos sobre questões econômicas e políticas?
A salvação se realiza na vida nova que espera os justos após a morte, mas também abrange este mundo nas realidades da economia e do trabalho, da sociedade e da política, da comunicação e das relações entre as culturas e dos povos. Seu objetivo é apresentar as questões que geram injustiças e sofrimento aos homens.[1]

3) Qual a intenção da Igreja ao escrever e divulgar a sua doutrina social?
A Igreja pretende anunciar o Evangelho, testemunhar ao homem sua dignidade própria e sua vocação à comunhão de pessoas, ensinar-lhe justiça e paz, de acordo com a sabedoria divina.[3]

4) Onde ela se baseia?
Tal doutrina possui profunda unidade, que provém da Fé em uma salvação integral, da esperança em uma justiça plena, da caridade que torna os homens verdadeiramente irmãos em Cristo.[3]

5) Qual a transformação no homem ao descobrir-se amado por Deus?
O homem ao descobrir-se amado por Deus passa a compreender a sua própria dignidade, aprende a não se contentar apenas consigo mesmo e a encontrar o outro, formando uma rede de relações cada vez mais humana.[4]

6) O que o Amor tem a ver com a DSI?

Somente através do amor o homem é capaz de transformar suas relações com o próximo. Sob esta ótica, todo homem de boa vontade pode entrever os vastos horizontes da justiça e do progresso humano na verdade e no bem.[4]

7) Onde o amor e a Igreja podem atuar?
O amor tem diante de si um vasto campo de trabalho e a Igreja quer estar presente também com a sua doutrina social, que diz respeito ao homem num todo e se estende a todos os homens.[5]

8) O que são problemas da paz?
São as guerras, os conflitos e tudo que impeça ao homem obter justiça e seus direitos.[5]

9) Como o amor age?
O amor através do homem promove a denúncia, apresenta propostas e elabora propostas de projetos em campo cultural e social, de modo a gerar uma atividade concreta que contribua com o seu desenvolvimento.[6]

10) O que vem a ser humanismo integral e solidário?
É a compreensão de que a humanidade está cada vez mais ligada por um único destino, que requer uma comum assunção de responsabilidades. Sendo freqüentemente condicionada e até mesmo imposta pela economia, o que faz com que seja advertida a necessidade de uma maior consciência moral.[6]

b) O significado deste documento

11) O que vem a ser este documento?
Uma publicação que apresenta as linhas fundamentais da doutrina social da Igreja e a relação que há entre esta doutrina e a nova evangelização.[8]

12) Quem assume a responsabilidade por sua elaboração?
O Pontifício Conselho da Justiça e da Paz assume a responsabilidade, porém na elaboração envolveram seus Membros e Consultores, alguns Dicastérios da Cúria Romana, Conferências Episcopais de vários países, Bispos e peritos nas questões tratadas.[7]

13) Qual o objetivo do documento?

O objetivo do documento é apresentar de maneira abrangente e orgânica o ensinamento social da Igreja. Sendo ainda um instrumento para o discernimento moral e pastoral dos complexos eventos que caracterizam o nosso tempo. Servindo como guia para inspirar comportamentos e opções que permitam a todos os homens olhar para o futuro com confiança e esperança.[8]

14) Quais documentos serviram com referência?
Diversos foram os documentos que serviram de base para sua elaboração, entre eles os documentos do Magistério, conciliares, as encíclicas e os discursos Pontifícios.[8]

15) O que se pretende com este documento?
Pretende-se sugerir um método orgânico na busca de soluções aos problemas, de modo que o discernimento, o juízo e as opções sejam mais adequados com a realidade, com a solidariedade e com a esperança.[9]

16) Este documento responde as questões sobre os problemas atuais?
Sim, mas devemos ter a devida compreensão que com o passar do tempo e com as mudanças dos contextos sociais constantes novas reflexões deverão ser efetuadas, para a interpretação dos novos tempos que virão.[9]

17) A quem se destina?
Este documento destina-se aos Bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, fieis leigos e comunidades cristãs.[11]

18) O que extrair dele?
Deste documento poderão ser extraídos ensinamento, instruções pastorais e base para analisar objetivamente as situações, esclarecimentos à luz das palavras do Evangelho, princípios de reflexão, critérios de julgamento e orientações para a ação.[11]

19) Qual o envolvimento com as outras religiões?
Este documento é proposto também aos irmãos de outras Igrejas e Comunidades Eclesiais, aos seguidores de outras religiões, a homens e mulheres de boa vontade, que se empenhem em servir o bem comum.
A Igreja Católica está convencida de que do patrimônio comum dos ensinamentos sociais guardados pela tradição viva do povo de Deus derivem estímulos e orientações para uma colaboração cada vez mais estreita na promoção da justiça e da paz.[12]

c) Ao serviço da plena verdade sobre o homem

20) Qual a influência da “Gaudium et spes” na elaboração deste documento?
Assim como na “Gaudium et spes”, a preocupação com o homem e sua integridade física e espiritual tornam-se a linha mestra deste documento.[13]

21) Quanto a natureza do homem e seu lugar na sociedade, o que a Igreja pretende com este documento?
A Igreja pretende apresentar respostas para questões sobre o bem e o mal, suas origens ou mesmo sobre a existência do homem que se fazem presentes na mente humana. [14]

22) O que vem a ser “interrogações essencialmente religiosas”?
A busca do significado mais profundo da existência humana

d) Sob o signo da solidariedade, do respeito e do amor

23) O que vem a ser Humanismo Integral e Solidário?
É a capacidade de dar vida a uma nova ordem social, econômica e política, fundada na dignidade e na liberdade do homem, realizando-se na paz, justiça e solidariedade. Sua aplicação somente será possível se, os indivíduos e os grupos sociais, cultivarem entre si e na sociedade os valores morais e sociais.[19]

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Perguntas e respostas retiradas da Introdução do Compêndio da Doutrina Social da Igreja (os trechos entre aspas são transcrições diretas de alguns trechos)


Qual o fundamento da Doutrina Social da Igreja?

A Fé em uma salvação integral, “que abrange o homem todo, e todos os homens”, através da filiação divina, conquistada por Jesus Cristo, Nosso Senhor, que se realiza na “vida nova que espera os justos após a morte” e também nas realidades temporais em que vivemos, visto que é nestas realidades que o cristão deve viver o novo mandamento do amor (Jo 15, 12), deixado por Cristo. Ela é, então, expressão do amor GRATUITO de Deus pelo mundo.


Para que serve a Doutrina Social?

Para “oferecer um contributo de verdade à questão do lugar do homem na natureza e na sociedade” e contribuir na resposta às perguntas fundamentais “que caracterizam o percurso do viver humano (GS, 10)[1]: Quem sou eu? Por que a presença da dor, do mal, da morte, mesmo com todo o progresso? O que haverá após esta vida?”

“(...) a religiosidade representa a expressão mais elevada da pessoa humana, porque é o ápice da sua natureza racional”, fruto de uma “profunda aspiração à verdade.”


A Doutrina Social só interessa aos católicos?

Não. Sua Doutrina Social “diz respeito ao homem todo e se volve a TODOS OS HOMENS”, é dirigida “aos homens e às mulheres do nosso tempo”, impulsionando “a todos”, aos “homens e mulheres de BOA VONTADE” para que EM CONJUNTO assumam suas responsabilidades, para que todo o progresso humano “seja voltado ao verdadeiro bem da HUMANIDADE de hoje e de amanhã.” Devemos unir forças para favorecer “a justiça, a fraternidade, a paz e o crescimento da pessoa humana”, já que estes são desejos humanos universais.


Ela é um conjunto de regras extáticas?

Não. Ela fornece “os princípios de reflexão, os critérios de julgamento, e as diretrizes de ação” para a promoção do humanismo integral e solidário que se propõe a construir. Pretende ser luz, para capacitar-nos a “interpretar a realidade de hoje”, e procurar “os caminhos APROPRIADOS para a ação (...) à luz das palavras imutáveis do Evangelho.”

“O ensino e a difusão da doutrina social fazem parte da missão evangelizadora da Igreja.”[2]

Devemos recordar que a Igreja é conduzida por Cristo, o “Grande pastor”(Hb 13, 20), portanto deposita toda sua fé e esperança n´Ele, “ÚNICO Salvador e fim da história.” Ainda, “nenhuma ambição terrena move a Igreja; ela tem em vista UM SÓ FIM: continuar, sob o impulso do Espírito Santo, a obra do próprio Cristo que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, para salvar e não para condenar, para servir e não para ser servido (GS, 3)[3].”


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1 Cf. Concílio Vaticano II, Const. past. Gaudium et spes, 10: AAS 58 (1966) 1032.
2 João Paulo II, Carta encicl. Sollicitudo rei socialis, 41: AAS 80 (1988) 571-572.
3 Concílio Vaticano II, Const. past. Gaudium et spes, 3: AAS 58 (1966) 1027.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Reunião ocorrida em 19/10/2007

Nesta data finalizamos o estudo do livro Paraiso Terrestre, de Carlos Mesters. Elaboramos a conclusão que será apresentada na postagem sobre o livro.
Quanto ao início da leitura e estudo do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, cada integrante do grupo deverá ler a introdução e o capítulo I até a próxima reunião.
Com o intuito de iniciar uma cartilha sobre o assunto, iremos trabalhar na base de perguntas e respostas. Cada integrante durante a leitura deverá elaborar perguntas, juntamente com as respectivas respostas, anexando-as ao blog. Sendo estas analisadas na próxima reunião.

Próxima reunião: 09/11/2007

sábado, 15 de setembro de 2007

Reunião ocorrida em 14/09/2007

Com referência ao Plebiscito da Vale do Rio Doce, foram apresentado os dados parciais da apuração. Esses dados foram obtidos através das listas assinadas, que foram disponibilizadas na igreja N.S.Aparecida, Santos/SP.

A fim de organizar os assuntos abordados, resolvemos criar novo blog, onde serão tratados os assuntos relacionados a proposta do grupo, deixando este apenas para tratar do estudo da Fé e Doutrina Social.
Este novo blog, apresentado na caixa de referência, foi nomeado Discussão Social (http://discussaosocial.blogspot.com).
Trouxemos para esta reunião matéria publicada no jornal Estado de São Paulo, datada de 14/09/2007, que menciona a censura efetuada pela Congregação da Doutrina Social ao livro publicado pelo Pe. Peter Phan.
Este assunto foi postado no blog Discussão Social, mas não será comentado até que tenhamos informações para tal.

A próxima reunião foi marcada para o dia 28/09, quando deverá ser finalizado os estudo do livro Paraiso Terrestre.

Com o término do livro passaremos ao estudo do Compêndio Social da Igreja. Devido a extensão do assunto resolvemos que iremos, conforme o caso, interromper a sua leitura e inserir em seu lugar o estudo de encíclica pertinente.
Deveremos também em cada reunião apresentar assuntos atuais para serem discutidos.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Integrantes do Grupo

Os integrantes são membros atuantes na paróquia Nossa Senhora Aparecida - Santos/SP, sendo que alguns são alunos do Curso de Teologia Beato Anchieta - Santos/SP

Valdir, Rose, Basiliano, Maria Aparecida, Maria Brasilina e Danilo

Projeto grupo de estudos: Fé e Doutrina Social

Animados pela palavra dos Bispos da América Latina e Caribe que, reunidos em Aparecida, afirmam em sua mensagem final a importância da formação para a construção da Igreja e desejam que nossa Igreja seja "Uma Igreja formadora de discípulos e discípulas”. E acrescentam a importância da participação de todo o batizado nesta vocação da Igreja: “Todos na Igreja estamos chamados a ser discípulos e missionários. É necessário formar-nos e formar todo o Povo de Deus para cumprir com responsabilidade e audácia esta tarefa”. (Mensagem da V Conferência).

O mesmo documento também destaca a importância da Doutrina Social para a vida da Igreja contemporânea, e incentiva seu estudo e aprofundamento como um dos principais meios de construirmos comunidades transformadoras, missionárias e atentas à qualidade da vida humana em todos os seus aspectos, a fim de que a mensagem do Evangelho transborde para além dos limites das paredes da Igreja, e faça parte da vida e na vida de cada um:

"O chamado a ser discípulos-missionários exige de nós uma decisão clara por Jesus e seu Evangelho, coerência entre a fé e a vida, encarnação dos valores do Reino, inserção na comunidade, e ser sinal de contradição e novidade em um mundo que promove o consumismo e desfigura os valores que dignificam o ser humano. Em um mundo que se fecha ao Deus do amor, somos uma comunidade de amor, não do mundo, mas no mundo e para o mundo (cf. Jo 15, 19; 17, 14-16)!" (Mensagem da V Conferência).

Se a perseverança nos acompanhar, e ainda pudermos ampliar nossas atividades, gostaríamos que este trabalho viesse um dia estar a serviço da construção do Reino em sintonia com os melhores desejos de servir e participar da história e da vida de nossa comunidade, e também nisso nos ilumina a mensagem final dos Bispos em Aparecida

“Com firmeza e decisão continuaremos exercendo a nossa tarefa profética discernindo onde está o caminho da verdade e da vida. Levantando a nossa voz nos espaços sociais dos nossos povos e cidades, especialmente a favor dos excluídos da sociedade. Queremos estimular a formação de políticos e legisladores cristãos para que contribuam na construção de uma sociedade justa e fraterna, de acordo com os princípios da Doutrina Social da Igreja” (Mensagem da V Conferência).

Conscientes, porém, do tamanho e da abrangência das propostas colocadas pelos bispos em Aparecida, queremos iniciar o nosso trabalho com simplicidade e dar-lhe o alcance possível. Pensamos formar, inicialmente um grupo de estudos, para aprimorar nossos conhecimentos e que aos poucos possa assumir compromissos de ajudar na formação de outras pessoas, tendo como subsídio e meta o conhecimento da Doutrina Social da Igreja. A princípio nossos trabalhos seguiriam o seguinte projeto:

Objetivo Principal
Estudar e discutir a Doutrina Social da Igreja e as Encíclicas Sociais, visando o conhecimento dos documentos com o intuito de nos formar e dar formação colaborando com a comunidade para o entendimento de todos nos seus direitos e deveres enquanto cidadão. Para tanto, temos como material inicial de trabalho as Encíclicas Sociais e o Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Todo este material está disponível no Blog DSI - Doutrina Social da Igreja (http://dsi21.blogspot.com/).

Objetivo Inicial
Estudar e discutir a Doutrina Social da Igreja e as Encíclicas Sociais, visando o conhecimento dos documentos e a formação de agentes facilitadores para a formação de novos grupos. Podemos ainda, de alguma forma, ajudar no preparo de um material didático, no formato de cartilha ou PowerPoint, que poderia ser usado no segundo momento das atividades, quando "Círculos de Estudo da Doutrina Social" venham a ser formados e motivados.
A quem se destina
Inicialmente pretendemos formar um grupo pequeno, que de alguma forma já se conhece e trabalha junto, para atuarem como agentes facilitadores. No futuro, com a abertura para a comunidade e a produção de um material didático, estes agentes atuarão como mediadores e facilitadores em grupos de discussão.
Este grupo inicial será composto de alunos do 1º e 2º ano do Curso de Teologia Beato Anchieta e que são membros atuantes na paróquia Aparecida. Além do acompanhamento do Pároco, Pe. Carlos, com o qual gostaríamos de contar, já conversamos e contamos com o apoio do professor de Doutrina Social do Instituto Beato de Anchieta, Francisco Surian.

Local
Dependências da Paróquia Aparecida – Santos

Quando
Quinzenalmente, as 6ª. Feiras.

Horário
Das 20 às 22 horas (Pensamos esta data e horário uma vez que os seminários do Instituto Beato Anchieta eram feitos na quinta-feira. O novo programa não tem mais seminários as quintas, deixando vago este tempo).

Roteiro de encontros
Oração inicial
Troca de informações sobre experiência de cada um na quinzena
Discussão do tema proposto para leitura em encontro anterior
Objetivo próximo encontro
Oração final

Este roteiro pode mudar, conforme as necessidades e atividades do grupo em cada reunião. Na preparação de material didático, para os “Círculos de Doutrina Social” contamos ainda com a possibilidade de troca de material e e-mails pela Internet. Há também a possibilidade de se fazer de vez em quando um encontro com maior tempo de duração, para o fechamento ou conclusão de algum material da cartilha.

Esta proposta de projeto está aberta para mudanças conforme as possibilidades e necessidades, tendo-se em vista a maior integração possível com a comunidade e o plano pastoral da Paróquia Aparecida. Para tanto, o grupo coloca-se a disposição para uma reunião inicial com o pároco, Padre Carlos, no sentido de organizar o melhor possível as atividades.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Leitura do livro Paraiso Terrestre

Introdução

Carlos Mesters informa que o livro nasceu de estudo prático e de contato com a vida, também afirma que esta é sua opinião, não estando a questão encerrada. Tanto que existem mais de 200 interpretações sobre a serpente mencionada em Gênesis.

As dificuldades em torno do paraíso e do pecado de Adão

Esta primeira parte do livro Paraiso Terreste, de Carlos Mesters, nos relaciona as diversas dúvidas sobre a existência ou não do paraíso. Assim como nos apresenta a dificuldades que temos em aceitar, ou mesmo negar, a sua existência. Não esquecendo a interpretação científica ao tentar negá-la ou comprová-la.
O fato da Bíblia ser um livro sagrado, escrito sob a inspiração divina, em nada facilita a credibilidade do assunto. Mesmo sob esta inspiração, sabemos que Deus não costuma revelar detalhes de sua ação, seja ela em relação ao futuro ou mesmo ao passado, o que reforça a dúvida de qual foi a fonte que os autores fizeram uso para descrever o paraíso. Tendo este relato sido escrito por volta do século X a.c., ou seja milhões de anos após a sua criação, como poderiam os autores possuir tão riqueza de detalhes sobre o fato? A Tradição Oral não conseguiria, de maneira ininterrupta, percorrer o espaço de milhões de anos transferindo seus conhecimentos de gerações para gerações. Com o conhecimento que possuímos hoje sobre a origem da escrita, sabemos que não foi através dela. Mesmo que sua base esteja na interpretação de gravuras e desenhos, teria eles a riqueza de detalhes que possibilitassem comprovar a existência do paraíso e de Adão e Eva?
Com o envolvimento da ciência, na tentativa de desvendar esse mistério, novas maneiras de enfrentar as dificuldades de entendimento se apresentaram. Entre elas podemos citar:

  • alguns para não negarem a fé travam uma batalha perdida contra a ciência, contra o bom-senso e contra todas as tentativas de procuram apresentar a verdade revelado sob uma outra forma;
  • outros preferem ficar com a ciência, atribuindo a narração bíblica uma imagem infantil e superada;
  • um terceiro grupo admite a versão da ciência como a verdadeira, sem conseguir se desprender da interpretação tradicional, que foi passada por gerações, gerando assim um enorme conflito interno.

A grande causa dessas dificuldades está no fato de se conseguir conciliar ciência e fé, antes de termos iniciado a sua leitura e interpretação de seu contexto e pretexto.

A interpretação da narração bíblica sobre o paraíso e o pecado de Adão

O objetivo da Bíblia não é o de informar sobre o que aconteceu, mas sobre o que estava acontecendo na vida das pessoas, na época em que os textos foram escritos. Por isso é bom ter em mente que, toda leitura bíblica deve ser efetuada sob a análise crítica do contexto, e a observância dos motivos que levaram o autor a escrever.
Ao descrever o paraíso o autor não tinha a intenção de apresentar uma época passada, ou mesmo explicar o aparecimento do homem sobre a terra. Ele pretendia que os homens refletissem sobre o modo de vida da época. E que através desta reflexão seguissem os preceitos de Deus.
Devemos ter consciência que o autor do Gênesis faz uso dos nomes Adão e Eva para, de uma maneira singular, representar os homens e as mulheres, respectivamente. Sendo assim é errado pensar que na época haviam apenas duas pessoas em toda a extensão terrestre. Pensamentos com este que levam a uma série de dúvidas sobre a origem dos filhos de Caim.
A própria existência da serpente é representativa. Estudos revelam que alguns povos, entre eles os cananeus, tinham como base de sua cultura religiosa a adoração de deuses sob as mais diversas representações. Sob o aspecto social orgias e prostituição também faziam parte de sua cultura. Segundo a sua cultura essas orgias eram consideradas com uma maneira de purificação para agradar seus deuses.
Acredita-se que estes mesmos povos tinham por hábito tentar inserir, de maneira ativa ou passiva, sua cultura em outros povos. E por terem a serpente com animal símbolo de sua cultura, estes povos foram apresentados sob a figura da serpente que tenta e apresenta o mal a Adão e Eva, mas não podemos esquecer que o homem possuía e ainda possui o livre arbítrio.
Querendo levar os leitores a uma tomada de posição mais crítica e mais realista frente à realidade que os envolvia foi apresentado um ângulo de visão e objetivo, que Carlos Mesters resumiu em:

  • A denúncia do mal;
  • Apresentação da raiz do problema;
  • Incentiva a tomada de consciência da origem do mal;
  • A conscientização da culpa que possuem;
  • A transformação do mal-estar;
  • A garantia praticável e executável da transformação;
  • Realça a esperança, a coragem e a capacidade de resistir.

A grande causa dessas dificuldades está no fato de se conseguir conciliar ciência e fé, antes de termos iniciado a sua leitura e interpretação de seu contexto e pretexto.

Respostas as dificuldades sobre o paraiso e o pecado de Adão.

Durante o capitulo anterior o autor nos explicou sobre o verdadeiro motivo que levou o autor a escrever sobre Adão e Eva.

Algumas das diversas dúvidas que possuíamos antes de iniciarmos este estudo foram substituídas por outras no decorrer deste, sendo que o próprio autor, através de sua experiência, tenta saná-las.

Uma das principais é sobre o homem se criado do barro e a mulher da costela do homem. A intenção do autor é demonstrar a fragilidade do homem e que ele não é dono de seu destino. Quanto ao fato da mulher ser gerada da costela do homem é uma adaptação de um ditado popular, que demonstra a união do homem e da mulher através do matrimônio.
Muitas outras perguntas poderão ser respondidas através da leitura e interpretação deste livro.

Conclusão

Carlos Mesters esclarece que esta não é uma visão definitiva, sendo este um assunto ainda muito discutido. Sua intenção é esclarecer que a história de Adão e Eva é um objeto de reflexão sobre o que é o mal, sua origem e a nossa culpa sobre o mal existente por ignorar os problemas.
Quando o homem passar a questionar o assunto, o mal e a sua participação na manutenção deste mal o livro terá atingido seu objetivo.

Este estudo foi muito proveitoso, nos permitindo perceber o quanto estamos habituados a ver o mundo com os mesmos “óculos”. Abrindo o nosso ângulo de visão, a ponto de enxergamos defeitos que possuímos sem que tomemos consciência deles.

De início nos perguntamos no que Adão e Eva poderiam contribuir no estudo da Doutrina Social da Igreja, mas no decorrer da leitura do livro percebemos que tem muito a ver. Percebemos que a origem dos problemas está em nós, seres humanos, seja por gerarmos os problemas, seja por ignorá-los. Deixando que estes gerem sofrimentos e angustia para a sociedade que nos cerca.

"Para quem muda os óculos o velho torna-se novo"

domingo, 2 de setembro de 2007

Pontos a serem abordados

Diversos pontos foram relacionados para serem abordados, abaixo alguns são citados:
  • Justificativa da importância da DSI;
  • Justificativas históricas e bíblicas;
  • Bases teológicas e filosóficas;
  • Análise das exigências e preocupações na América Latina;

Leitura para estudo:

Paraiso Terrestre - Saudade ou Esperança Carlos Mesters - Vozes

O que é Doutrina Social da Igreja?

De início é preciso definir o que se entende por Doutrina Social da Igreja (DSI). Esta expressão designa o conjunto de escritos e mensagens – cartas, encíclicas, exortações, pronunciamentos, declarações – que compõem o pensamento do Magistério católico a respeito da chamada “questão social”. Os principais documentos da Doutrina Social da Igreja são as chamadas “Encíclicas Sociais” dos papas, desde Leão XIII, em 1891. Mas temos também um documento doe Concílio Vaticano II e um texto do Sínodo dos Bispos, realizado em Roma em 1971. A seguir, a lista dos principais documentos da DSI.

  • Rerum Novarum (A Condição dos Operários), Leão XIII, 1891
  • Quadragesimo Anno (A Restauração e Aperfeiçoamento da Ordem Social), Pio XI, 1931
  • Mater et Magistra (A Recente Evolução da Questão Social), João XXIII, 1961
  • Pacem in Terris (Paz na Terra), João XXIII, 1963
  • Gaudium et Spes (A Igreja no Mundo de Hoje), Concílio Vaticano II, 1965
  • Populorum Progressio (O Desenvolvimento dos Povos), Paulo VI, 1967
  • Octogesima Adveniens (Necessidades de um Mundo em Transformação), Paulo VI, 1971
  • Justiça no Mundo, Sínodo dos Bispos, 1971
  • Evangelii Nuntiandi (A Evangelização no Mundo Contemporâneo), Paulo VI, 1975
  • Laborem Exercens (O Trabalho Humano), João Paulo II, 1981
  • Sollicitudo Rei Socialis (Solicitude Social da Igreja), João Paulo II, 1987
  • Centesimus Annus (Centenário da Rerum Novarum), João Paulo II, 1991
  • Novo Millennio Ineunte (No Início do Novo Milênio), João Paulo II, 2001

O que é a Fé?

Fé não é baseada em evidências físicas reconhecidas pela comunidade científica. A fé geralmente é associada a experiências pessoais e pode ser transmitida a outros através de relatos. Nesse sentido é geralmente associada ao contexto religioso e a decisão de "ter fé" é unilateral, ou seja, depende da vontade exclusiva de quem quer ter fé. A bíblia, um livro religioso e considerado sagrado por muitas religiões cita bastante a fé. Nela se encontra uma definição geral por: "a fé é acreditar em coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem, independentemente daquilo que vemos, ou ouvimos." Hebreus 11:1