segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Leitura do livro Paraiso Terrestre

Introdução

Carlos Mesters informa que o livro nasceu de estudo prático e de contato com a vida, também afirma que esta é sua opinião, não estando a questão encerrada. Tanto que existem mais de 200 interpretações sobre a serpente mencionada em Gênesis.

As dificuldades em torno do paraíso e do pecado de Adão

Esta primeira parte do livro Paraiso Terreste, de Carlos Mesters, nos relaciona as diversas dúvidas sobre a existência ou não do paraíso. Assim como nos apresenta a dificuldades que temos em aceitar, ou mesmo negar, a sua existência. Não esquecendo a interpretação científica ao tentar negá-la ou comprová-la.
O fato da Bíblia ser um livro sagrado, escrito sob a inspiração divina, em nada facilita a credibilidade do assunto. Mesmo sob esta inspiração, sabemos que Deus não costuma revelar detalhes de sua ação, seja ela em relação ao futuro ou mesmo ao passado, o que reforça a dúvida de qual foi a fonte que os autores fizeram uso para descrever o paraíso. Tendo este relato sido escrito por volta do século X a.c., ou seja milhões de anos após a sua criação, como poderiam os autores possuir tão riqueza de detalhes sobre o fato? A Tradição Oral não conseguiria, de maneira ininterrupta, percorrer o espaço de milhões de anos transferindo seus conhecimentos de gerações para gerações. Com o conhecimento que possuímos hoje sobre a origem da escrita, sabemos que não foi através dela. Mesmo que sua base esteja na interpretação de gravuras e desenhos, teria eles a riqueza de detalhes que possibilitassem comprovar a existência do paraíso e de Adão e Eva?
Com o envolvimento da ciência, na tentativa de desvendar esse mistério, novas maneiras de enfrentar as dificuldades de entendimento se apresentaram. Entre elas podemos citar:

  • alguns para não negarem a fé travam uma batalha perdida contra a ciência, contra o bom-senso e contra todas as tentativas de procuram apresentar a verdade revelado sob uma outra forma;
  • outros preferem ficar com a ciência, atribuindo a narração bíblica uma imagem infantil e superada;
  • um terceiro grupo admite a versão da ciência como a verdadeira, sem conseguir se desprender da interpretação tradicional, que foi passada por gerações, gerando assim um enorme conflito interno.

A grande causa dessas dificuldades está no fato de se conseguir conciliar ciência e fé, antes de termos iniciado a sua leitura e interpretação de seu contexto e pretexto.

A interpretação da narração bíblica sobre o paraíso e o pecado de Adão

O objetivo da Bíblia não é o de informar sobre o que aconteceu, mas sobre o que estava acontecendo na vida das pessoas, na época em que os textos foram escritos. Por isso é bom ter em mente que, toda leitura bíblica deve ser efetuada sob a análise crítica do contexto, e a observância dos motivos que levaram o autor a escrever.
Ao descrever o paraíso o autor não tinha a intenção de apresentar uma época passada, ou mesmo explicar o aparecimento do homem sobre a terra. Ele pretendia que os homens refletissem sobre o modo de vida da época. E que através desta reflexão seguissem os preceitos de Deus.
Devemos ter consciência que o autor do Gênesis faz uso dos nomes Adão e Eva para, de uma maneira singular, representar os homens e as mulheres, respectivamente. Sendo assim é errado pensar que na época haviam apenas duas pessoas em toda a extensão terrestre. Pensamentos com este que levam a uma série de dúvidas sobre a origem dos filhos de Caim.
A própria existência da serpente é representativa. Estudos revelam que alguns povos, entre eles os cananeus, tinham como base de sua cultura religiosa a adoração de deuses sob as mais diversas representações. Sob o aspecto social orgias e prostituição também faziam parte de sua cultura. Segundo a sua cultura essas orgias eram consideradas com uma maneira de purificação para agradar seus deuses.
Acredita-se que estes mesmos povos tinham por hábito tentar inserir, de maneira ativa ou passiva, sua cultura em outros povos. E por terem a serpente com animal símbolo de sua cultura, estes povos foram apresentados sob a figura da serpente que tenta e apresenta o mal a Adão e Eva, mas não podemos esquecer que o homem possuía e ainda possui o livre arbítrio.
Querendo levar os leitores a uma tomada de posição mais crítica e mais realista frente à realidade que os envolvia foi apresentado um ângulo de visão e objetivo, que Carlos Mesters resumiu em:

  • A denúncia do mal;
  • Apresentação da raiz do problema;
  • Incentiva a tomada de consciência da origem do mal;
  • A conscientização da culpa que possuem;
  • A transformação do mal-estar;
  • A garantia praticável e executável da transformação;
  • Realça a esperança, a coragem e a capacidade de resistir.

A grande causa dessas dificuldades está no fato de se conseguir conciliar ciência e fé, antes de termos iniciado a sua leitura e interpretação de seu contexto e pretexto.

Respostas as dificuldades sobre o paraiso e o pecado de Adão.

Durante o capitulo anterior o autor nos explicou sobre o verdadeiro motivo que levou o autor a escrever sobre Adão e Eva.

Algumas das diversas dúvidas que possuíamos antes de iniciarmos este estudo foram substituídas por outras no decorrer deste, sendo que o próprio autor, através de sua experiência, tenta saná-las.

Uma das principais é sobre o homem se criado do barro e a mulher da costela do homem. A intenção do autor é demonstrar a fragilidade do homem e que ele não é dono de seu destino. Quanto ao fato da mulher ser gerada da costela do homem é uma adaptação de um ditado popular, que demonstra a união do homem e da mulher através do matrimônio.
Muitas outras perguntas poderão ser respondidas através da leitura e interpretação deste livro.

Conclusão

Carlos Mesters esclarece que esta não é uma visão definitiva, sendo este um assunto ainda muito discutido. Sua intenção é esclarecer que a história de Adão e Eva é um objeto de reflexão sobre o que é o mal, sua origem e a nossa culpa sobre o mal existente por ignorar os problemas.
Quando o homem passar a questionar o assunto, o mal e a sua participação na manutenção deste mal o livro terá atingido seu objetivo.

Este estudo foi muito proveitoso, nos permitindo perceber o quanto estamos habituados a ver o mundo com os mesmos “óculos”. Abrindo o nosso ângulo de visão, a ponto de enxergamos defeitos que possuímos sem que tomemos consciência deles.

De início nos perguntamos no que Adão e Eva poderiam contribuir no estudo da Doutrina Social da Igreja, mas no decorrer da leitura do livro percebemos que tem muito a ver. Percebemos que a origem dos problemas está em nós, seres humanos, seja por gerarmos os problemas, seja por ignorá-los. Deixando que estes gerem sofrimentos e angustia para a sociedade que nos cerca.

"Para quem muda os óculos o velho torna-se novo"

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